Classificação etária: 18 PELAMOR DE DEUS.
Trilha sonora:
http://www.listenonrepeat.com/watch/?v=w8pbSDqruMY
Buracos.
Quando eu era menor, lá pelos 7-8 anos, eu morei com meus avós. Eles tinham uma casa enorme que ficava numa parada de ferrovias subterrâneas, e eu adorava andar e descobrir os túneis desse lugar. Quando eu não estava fazendo isso, meu avô me ensinava a pescar e caçar, e minha avó, a costurar e a cozinhar. São coisas meio femininas para um garoto se fazer, mas essas habilidades me ajudaram muito até hoje.
Meus pais eram militares, então ao invés de me traumatizar, me arrastando de cidade pra cidade, eles me deixaram com meus avós. Meu quarto era no meio da casa, e era cercado por paredes densas, que eram passagens antigamente, mas agora estavam fechadas. Eu decorava meu quarto com coisas legais para uma criança de 8 anos. Eu amava aquela casa, mas depois de um tempo, comecei a ficar desconfortável.
Minhas coisas ficavam desaparecendo. Nada muito valioso, coisas como minhas escovas de dentes ou pentes. Não, eles nunca reapareciam em lugares aleatórios, e eu nunca mais os via. O problema é que eram só as minhas coisas. De mais ninguém, o que deixou minha família confusa. Eles falavam que era um fantasma que devia ter gostado de mim.
Eles estavam brincando, é claro, mas eu comecei a ficar assustado quando pensava nisso. Eu comecei a prestar atenção nos mínimos detalhes e sons, e quando algo estranho acontecia, eu ficava com muito medo. Me lembro de ter posto uma camiseta favorita minha pra secar, só pra voltar cinco minutos depois e ver a porta da máquina aberta e a camiseta desaparecida. Minhas coisas mudavam de lugar. Fotos minha da parede sumiam. Mais importante, esses buraquinhos começaram a aparecer.
Eles apareceram primeiro no meu quarto, mas depois eles apareceram em todos os lugares. Na cozinha, nos banheiros, na sala. Menos no quarto principal, onde meus avós dormiam. Isso me deixou arrepiado, então uma noite, eu decidi dormir no quarto deles. Dormi num saco de dormir bem confortável no chão, e foi a primeira vez que me senti seguro desde então.
Ás duas horas da manhã, eu acordei com um barulho estranho. Era como se alguém estivesse martelando algo. Eu estava no meio do país, e era normal ter gente acordada nesse horário fazendo alguma coisa, então fui melhorando. Quando comecei a melhorar, olhei para a parede mais distante, bem na minha frente. Eu vi um pedacinho da parede caindo, e um buraco se formando. Eu gritei e acordei meus avós. Eles estavam tristes por mim, então a gente fez as malas e saímos por uns dias.
Quando voltamos, a primeira coisa que eu percebi é que tudo que tinha relação à mim, ou tinha sumido, ou estava quebrado. Meu quarto tinha uns trinta buracos diferentes, variando em tamanho e formas. Eu estava exausto, e queria ir dormir, então fui pra cama. Os meu avós ficaram no quarto e pediram pra qualquer coisa que estava me perseguindo, que me deixasse em paz.
Não teve uma explosão maligna, uma risada fantasmagórica, nada. Só silêncio e eu me sentindo meio besta. Eu decidi ser corajoso e dormir no meu quarto essa noite.
Eu acordei meia noite devido a um baque, o barulho que eu penso que minha família faz quando bate em uma parede. Eu estava quase pegando no sono, quando ouvi um outro baque. E outro.
Eles começaram a entrar em um ritmo. Eu estava muito assustado, saí das cobertas e comecei a escanear o quarto. Peguei a lanterna que ficava do lado de minha cama e comecei a apontar ela pra todos os lados. O chão, as paredes, os buracos. Os baques pararam, mas continuei procurando. Então o feixe de luz encontrou algo brilhante e fixei nele. Quando eu percebi o que aquilo era, eu gritei e comecei a chorar como uma garotinha querendo meus avós. Era um olho humano.
Meus avós entraram no quarto e viram isso, um olho que não piscava, olhando diretamente pro meu quarto. Eles chamaram a polícia, que veio imediatamente. Eles abriram as passagens fechadas da casa, e começaram a procurar por todos os lugares. Até chegarem no buraco onde o olho estava, no meu quarto. Eu não fiquei sabendo disso quando eu era menor, mas quando eu cresci, meus avós me contaram.
O que a polícia encontrou naquele local foi um quartinho pequeno, onde caberia apenas uma pessoa confortavelmente. Eles primeiro viram uma camada de lixo empilhado. O "lixo" era minhas coisas, minhas escovas, meus pentes, minhas roupas, brinquedos. Na parede, cercado de fotos minhas, estava um homem. Ele estava completamente pelado, a única coisa deixando ele de pé era um cinto enrolado em seu pescoço preso no teto. A causa da morte foi asfixia erótica. Ele morreu olhando para mim, satisfazendo seus prazeres, cercado pela sua obsessão doentia por mim.
Eu não acho que tem como me recuperar. Eu não consigo mais ficar no escuro, e até hoje, quando vou dormir... tudo que consigo pensar é em buracos.
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Então, curtiram? Não? Então deixo aqui pra vocês, essa história é verídica. É real. Boa noite.
Texto original:
http://www.reddit.com/r/nosleep/comments/knpbv/holes/