Search-form

sexta-feira, 2 de maio de 2014

É, tá faltando posts.

Olha só galera, não postamos!

Que novidade! Mas vamos explicar uma coisa:

 Esse blog é puramente feito por diversão. Se a gente não está querendo, não vamos ter posts. Mas relaxa, que uma hora a gente pega o jeito de novo e volta tudo ao normal.

 Relaxa, a gente volta com os posts e tá tudo de boa. bjs

domingo, 27 de abril de 2014

Sexta Do Horror #20! -Câncer.

 Era como qualquer outro dia. Matt e eu estávamos andando pelo parque perto de nossas casas, arrastando as folhas secas com os pés enquanto continuávamos. O ar frio gelava nossas gargantas quentes por sopros dos nossos cigarros. A gente fazia piadas sobre a escola e sobre o trabalho como qualquer outro garoto normal fazia. Apesar de nós parecermos os trombadinhas que nós somos, Matt foi uma vítima de algo que fazia muitas pessoas desconfortáveis. Câncer. Na maioria das vezes, você não o veria sem seu boné na cabeça. Se você fosse sortudo e o visse sem o boné, veria uma cicatriz em forma de C, começando perto de sua orelha e terminando no lado superior-direito de sua cabeça.

 Ele nunca pareceu diferente como pessoa. Doutores avisaram ele e sua família sobre possíveis mudanças no comportamento e emoções, a perda de simples pensamento cognitivo, e movimentos involuntários e espasmos. Mesmo assim, ele continuou o mesmo contador de piadas, cheio de si, teimoso Matt que era meu melhor amigo. O dia em que ele descobriu sobre seu "problema", ele me ligou e me deu as notícias. Eu não sabia como reagir. Meu melhor amigo... com câncer no cérebro. Eu pensei que seria no pulmão, pelo tanto que fumava. Os doutores deram suas opções de tratamento e alguns dias para ele pensar melhor, pois o câncer estava mais desenvolvido do que pensavam.

 Eu o busquei na casa dele assim que ele retornou. Seus pais sabiam que eles não podiam decidir o que fazer por ele, e que ele ia me contar seus pensamentos. Nós dirigimos por aí um pouco, em silêncio, com ele fumando cigarros, com seu novo tumor no cérebro.

"Sério cara? Você acabou de descobrir que tem câncer e a primeira coisa que faz é fumar?"

 Ele sorriu, com o cigarro no canto da boca.

" Qual a diversão em ser saudável sendo que vou morrer de qualquer jeito?" Eu balancei minha cabeça sabendo que não tinha como discutir com ele.

 Ele me contou sobre suas opções e ele já sabia o que iria fazer. Obviamente ele seguiu com a cirurgia e agora tem o C na sua cabeça.

 Nós sempre brincávamos sobre isso. O pessoal na escola começou a descobrir o que tinha acontecido, e queriam ver a cicatriz. Ele estava relutante de início, mas começou a aceitar o que tinha acontecido e mostrava a cicatriz para quem quisesse ver. Quando estávamos juntos, nós brincávamos, dizendo que ele tinha perdido uma aposta e teve que marcar a primeira letra do meu nome na cabeça. As pessoas se mostravam simpáticas e atenciosas, mas eu sabia que erá só uma encenação. Eu sabia que eles pensavam nas suas mentes "Ainda bem que não sou eu".

 Aí chegaram as mensagens do facebook. Todo mundo, pessoas que ele nunca tinha visto, nunca conversado, dizendo coisas como "Oh, você é tão forte!" e "Segure firme, nós todos se importamos com você."

 Ele me dizia que não aguentava essa falsa atenção. As emoções direcionadas à sua doença e não a ele. Lá no fundo ele odiava essas pessoas. Depois de alguns meses disso, eu podia ver nos seus olhos quando ele abria o facebook e via uma nova mensagem. Sempre que alguém conversava com ele sobre isso. Eles não percebiam o quanto ele estava irritado, mas eu sim.

 Sendo o cara gente boa que ele era, ele sempre deixava pra lá e aceitava a preocupação para as pessoas se sentirem bem com elas mesmas.

"Essas pessoas cara, elas não se importam comigo, elas fazem isso por elas mesmas. Elas pensam Oh!, olhe para mim, sendo legal com o garoto que tem câncer. Eu sou uma pessoa tão boa! Mas eu não aguento."

 Semanas antes de nossa caminhada ele recebeu notícias de seu doutor. Notícias sobre sua expectativa de vida. Eles disseram que ele tinha 1, talvez 2 anos se tivesse sorte. Essa notícia pareceu não o afetar. Com essa pequena vida, ele começou a viver mais. Nós fizemos várias coisas juntas nas semanas antes dessa caminhada. Fomos em alguns shows, num parque de diversão, e fomos pular de paraquedas. Cara, nós fomos até as Cataratas do Niagara de tédio. Eu espero que aquele tenha sido o melhor verão que ele já teve.

Nessa caminhada ele me disse seus pensamentos mais profundos sobre a doença.

 "Eu vou conseguir, cara. Eu vou me graduar, finalmente. Esse é o meu desejo final e eu sei que consigo. Em menos de dois anos. Eu sei que sou capaz."

 "Eu acredito em você, cara"

 Ele não conseguiu.

-------------------------------------------------------